15.2.08

Cultura Hacker


Acabei de sair de um debate com o Sérgio Amadeu, Marcelo Branco, e um grupo de hackers. Discutiram a internet e a cultura hacker.

Qdo cheguei o debate já havia começado (com 6 palestras ao mesmo tempo e uma rede de 5,5Gbps é dificil pegar as coisas do começo ao fim. Viva a interatividade!). Estavam levantando a questão se é legítimo um hacker invadir um site pra provar seu valor e conseguir um emprego. Todos foram unânimes: NÃO. Isso é atitude de cracker. Seria a mesma coisa que vc entrar na casa de uma pessoa, usar o banheiro, beber água, só para provar que a porta estava aberta.

Numa intervenção do Amadeu, descreveu lindamente a ligação da internet com a cultura hacker. Disse que a internet não é algo pronto. Ali (ou aqui..hehehe) se cria tanto conteúdos quanto tecnologias. Isso é possível porque a internet caminha dentro dum esquema de recombinação de conhecimentos que possibilitaram tanto o seu surgimento (criação do protocolo TCP/IP) quanto seu desenvolvimento (surgimento da internet gráfica, por exemplo). Porém, se a cultura hacker for substituída pelo conceito de permissividade impostos pelas grandes empresas (isso pode, isso não pode), essa grande possibilidade criativa que estamos vivenciando será fatalmente afetada. Ele deu um exemplo que tem tudo a ver com a
área que estou trabalhando hoje: O surgimento do VoIP. Disse que na época que estava trabalhando com inclusão digital, o grande interesse das operadoras era vender linha de telefone. Porém o desenvolvimento do protocolo que permite o VoIP não estava no script. Imaginemos agora se um dia essas operadores estiverem em condições de coordenar, pelas mais diversas alegações, a criação e o desenvolvimento de novas tecnologias na internet. Isso parece bom para a sociedade? A própria evolução do Voip, que seria o fornecimento de sistemas de numeração nacional para as operadoras SCM já encontra enormes barreiras pelo forte lobby das grandes Teles. E olha que esse direito já está na legislação há alguns anos!!!

Finalmente, a intervenção de Marcelo Branco, coordenador do campus-party Brasil, que descreveu os hackers como sendo aqueles que devolvem a liberdade aos usuários de tecnologia e internet. Quebrar os sistemas de região dos DVDs, os DRMs (sistemas que restringem o direito de copiar suas próprias músicas) e quaisquer outros sistemas restritivos seria entendido como uma ação positiva para a sociedade.
Concordo plenamente com ele, pois um ambiente de liberdade e criativo é muito mais frutífero para a sociedade, conferindo ganhos que poderão beneficiar além da geração dos nossos netos. Enquanto a restrição de direitos beneficia apenas os interesses de curto prazo das grandes corporações de mídia. E pra terminar, cá entre nós, aquele papo de que as pessoas só criam se puderem ficar milionárias já foi derrubado pelo software livre há muito tempo, principalmente depois do sucesso alcançado pelo sistema operacional Linux.

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